MUITAS HISTÓRIAS, MUITA POESIA...
Quando se fala de literatura brasileira ou de qualquer outra, geralmente se aborda a literatura dos "grandes escritores", isto é, daqueles que escrevem "livros difíceis", como diria toda a faixa de público que não tem acesso a tais obras. Extensíssima no Brasil, essa faixa não conhece a literatura "tradicional", a literatura "oficial".
Mas não é preciso ter tido acesso à cartilha para gostar de contar e ouvir histórias. Em todo mundo, desde tempos imemoriais, à grande tradição da literatura escrita culta correspondeu sempre, em todas as culturas, a pequena tradição oral de contar. Às vezes, porém, o contador pegava o lápis e papel e se punha a escrever ou a ditar o que já estava na sua memória, ou o que de novo inventava, ampliando um pouco o seu público.
Quando surgiram as máquinas impressoras, a divulgação dessas obras de pequena tradição literária, estendeu-se a um número maior de leitores: algumas eram escritas em prosa; a maioria, porém, aparecia em versos, pois era mais fácil, a um público analfabeto, decorar versos e mais versos, lidos por alguém.
Esta foi a trajetória daquilo que se chamou, na França, literatura de colportage (mascate); na Inglaterra, chapbook ou balada; na Espanha, pliego suelto; em Portugal, literatura de cordel ou folhas volantes.
No Brasil, e também na América espanhola, a mesma trajetória foi seguida. Também aqui se conta e se canta, em prosa e verso. Há, em todo os país, uma longa tradição e a presença sempre atuante de cantoria, improvisos e desafios: os poetas populares dizem, em versos, suas mágoas, alegrias, esperanças e desespersos do dia-a-dia.
Esta atividade literária adquiriu características próprias no Nordeste brasileiro, muito provavelmente pelas condições da região, que fazem dela, até hoje, um foco especialmente rico em manifestações populares. Reintroduzindo a denominação portuguesa, os estudiosos chamaram essa literatura popular em versos de literatura de cordel. Mas, seus produtores e consumidores nordestinos chamam-na de simplesmente de folhetos. O público apreciador dessa literatura é geralmente constituído pelas camadas humildes da população rural ou urbana; mas há também leitores de classes mais elevadas que a admiram. E já foram comprovados casos de pessoas que aprenderam a ler e a escrever com folhetos de cordel.
ELIAS, José. Ciranda Brasileira - Editora Paulus.
BORGES, J. Cordel - Editora Hendra
Artigo: Folclorando na Escola
por Thelma Regina Siqueira Linhares.
Site: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/educ90.htm
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